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Câncer de pâncreas: uma doença silenciosa
Esse tipo de tumor é de difícil detecção e costuma apresentar sintomas comuns a outros quadros menos graves. Veja como o diagnóstico acontece
O pâncreas é um órgão que fica na parte superior do abdome, "escondido" atrás do estômago e ao lado do fígado e da vesícula biliar. Está também muito próximo a estruturas nobres do organismo como artérias e veias que irrigam todo o intestino1. E essa dificuldade de acesso é um dos motivos que tornam a detecção precoce de câncer no órgão um enorme desafio médico.
A ausência de sintomas é outro ponto que dificulta o diagnóstico. O adenocarcinoma do corpo ou da cauda do pâncreas é geralmente assintomático até que o tumor cresça e se dissemine para fora do órgão. Em 90% dos casos os diagnósticos acontecem nessa fase, mais tardia. Porém, quando os sintomas aparecem, costumam ser comuns a outras condições de saúde menos graves, como dor abdominal, que costuma aparecer na parte superior do abdome ou no meio das costas e é aliviada quando a pessoa se inclina de frente ou fica em posição fetal2.
A perda de peso também é comum, e ainda podem aparecer sinais como icterícia e vômito, especialmente nos casos em que o tumor se aloja na cabeça do pâncreas, uma vez que essa localização pode interferir na drenagem da bile para o intestino delgado3.
“Quando existem sintomas como os descritos e/ou o paciente já tem um exame de imagem compatível com tumor no pâncreas, como uma tomografia computadorizada ou uma ultrassonografia endoscópica, o ideal é que ele procure um oncologista clínico e um cirurgião especialista em tumores abdominais. Nesse cenário, uma equipe multidisciplinar pode ser convocada para a discussão do caso e para analisar a possibilidade de uma cirurgia”, recomenda Vinicius Lorandi, médico oncologista clínico com ênfase em tumores de pulmão e gastrintestinais e experiência em tratamento com quimioterapia intra-arterial, com atuação no Hospital Mãe de Deus (RS) e no Grupo Oncoclínicas.
O médico deixa claro que, em casos de câncer de pâncreas não é necessário biópsia prévia. “O paciente diagnosticado pode ser levado direto à cirurgia. Ou, caso haja evidência durante a investigação de que a doença já se instalou fora do órgão ou ocorreram metástases, o tratamento será paliativo, com base em quimioterapia. Daí sim, a realização de uma biópsia confirmatória se faz necessária.”
Estar atento aos sinais que o corpo dá, ainda que pequenos, é importante sempre e mais ainda no caso de tumores. Isso porque todo tumor que é diagnosticado mais tardiamente apresenta menores taxas de sucesso com o tratamento cirúrgico. “Para traduzir isso em números, na minha experiência, apenas 20% dos pacientes que fazem diagnóstico de adenocarcinoma de pâncreas são candidatos a uma cirurgia de intenção curativa”, resume o oncologista.
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