Câncer de pâncreas

Câncer de pâncreas

Se você ou alguém que você conhece foi diagnosticado com câncer de pâncreas ou está procurando informações sobre prevenção, aqui está uma visão geral dos fatores de risco e diagnósticos disponíveis.

O que é o câncer de pâncreas?

Localizado na parte superior do abdômen, atrás do estômago e do intestino, o pâncreas é responsável pela produção de insulina, que controla a quantidade de glicose no sangue, e de enzimas digestivas que ajudam a quebrar os alimentos em partículas menores. Por causa dessas funções, o pâncreas é considerado um órgão vital e, quando as células cancerígenas surgem na região, podem ser letais.

Logo que acomete o pâncreas, o câncer não dá sinais de que está instalado ali. Os sintomas, que podem ser confundidos com os de outras enfermidades, só costumam aparecer quando a doença está num estágio avançado e, muitas vezes, já alcançou outros órgãos. Por isso, o câncer de pâncreas é uma neoplasia de diagnóstico precoce difícil e bastante desafiador.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca)1, o câncer de pâncreas representa 1% dos diagnósticos de neoplasias no Brasil e é responsável por 5% das mortes causadas pela doença. Além disso, estima-se que, de 2023 a 2025, podem surgir cerca de 10.980 casos por ano2. Em todo o mundo, até 2050, de cada 100 mil pessoas, 18,6 terão câncer de pâncreas.3

Diagnosticar o câncer de pâncreas assim que ele surge é um dos desafios: seus sinais podem ser confundidos com os de outras doenças, como as hepáticas, e são tardios.

Quais são os fatores de risco do câncer de pâncreas?

O câncer de pâncreas é mais comum em pessoas com mais de 55 anos e, segundo levantamentos feitos pelo A. C. Camargo Cancer Center4, alguns fatores de risco chamam a atenção:

  • Os fumantes têm de 2 a 6 vezes mais chances de desenvolver câncer de pâncreas, e o número de cigarros consumidos por dia tem relação direta com essa estimativa.
  • Pessoas com diabetes tipo 2 têm risco aumentado para a neoplasia.
  • Os obesos têm 20% mais chance de desenvolver esse tipo de câncer.
  • Histórico de câncer de pâncreas na família ou de pancreatite crônica colaboram para o surgimento do quadro.
  • Mutações genéticas hereditárias, que causam síndrome familial de mama e ovário ou síndrome de Lynch, são responsáveis por 10% dos casos de câncer de pâncreas.
Quais são os sintomas do câncer de pâncreas?

Cansaço, perda progressiva de peso sem explicação, dor na região abdominal ou na lombar, náusea, vômitos, indigestão, perda de apetite e aparecimento repentino de diabetes podem ser sinais de que o bom funcionamento do pâncreas está comprometido. A icterícia (amarelamento da pele e dos olhos), apesar de normalmente estar associada às disfunções hepáticas, também é um sinal de alerta que merece atenção. Isso porque ela indica que há acúmulo de bilirrubina (substância amarelada encontrada na bile) no corpo, que pode ser causado por algum bloqueio dos canais biliares provocado pelo câncer de pâncreas.

Como o câncer de pâncreas só apresenta sintomas quando os tumores já cresceram, o diagnóstico precoce torna-se mais difícil e, geralmente, surgem metástases espalhadas para os outros órgãos.

Como é feito o diagnóstico?

Por causa da localização do câncer do pâncreas, não é possível, num exame físico de rotina, palpar o órgão para conferir se há alguma alteração, como um edema ou alguma região com tamanho irregular. Quando há suspeita da enfermidade, os especialistas pedem exames de imagens, para conferir como está o interior do órgão, e de sangue, para checar a função pancreática e se existem indicadores tumorais.

A tomografia computadorizada produz imagens detalhadas do pâncreas e mostra o tamanho e a localização dos nódulos cancerígenos, além de indicar se essas células já alcançaram outros órgãos. A ressonância magnética também é bastante indicada, pois usa campo magnético e ondas de rádio para avaliar o estágio da doença. Além disso, é comum a realização de exames de sangue para verificar a presença do antígeno CA 19-9, um marcador tumoral que, apesar de não ser específico para o câncer de pâncreas, aparece em 80% dos casos.5

Para examinar os dutos pancreáticos existe a pancreatoscopia, que pode ser conduzida com o auxílio de coloangioscópios, como os do sistema SpyGlassTM. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), o procedimento permite visualizar diretamente os canais hepáticos e, com isso, orienta também as aplicações terapêuticas, incluindo exploração, biópsia e estudo para margem cirúrgica de doenças do sistema pancreático-biliar.

Quando os exames indicam a presença de tumores, a biópsia por ultrassonografia endoscópica é indicada para identificar o tipo de célula cancerígena e o estadiamento da doença.6

Quais são os tipos de tumores de pâncreas?

Cerca de 95% dos tumores malignos de pâncreas são adenocarcinomas. Esse tipo bastante comum tem origem nas células exócrinas, cuja função é produzir os sucos auxiliares da digestão e levá-los aos outros órgãos do aparelho digestório. Já as células endócrinas são as fabricantes da insulina e as neoplasias que aparecem por lá são mais raras, chamadas de tumores neuroendócrinos pancreáticos.

Na maioria dos casos, os adenocarcinomas acometem a cabeça do pâncreas, parte mais próxima do duodeno, comprometendo o fluxo normal da bilirrubina pelo canal biliar e provocando a icterícia. Quando os adenocarcinomas surgem no corpo ou na cauda do pâncreas, normalmente, são assintomáticos e, quando diagnosticados, já provocaram metástases.

Além do tipo de câncer, também é fundamental conhecer seu estadiamento para definir o quão grave é a doença e a melhor maneira para tratá-la.7 Segundo a American Cancer Society (Sociedade do Câncer Americana), os especialistas devem ter certeza que o tumor atingiu os vasos sanguíneos da região, se há células cancerígenas nos linfonodos e se existem nódulos secundários no fígado, no peritônio (membrana que cobre a cavidade abdominal), nos pulmões e nos ossos. Quando o câncer de pâncreas ainda está no início, restrito ao órgão, é classificado como 0. O número mais baixo indica que o tumor não se propagou, enquanto o mais alto, 4, comprova que a enfermidade está avançada.

Quais são os tratamentos disponíveis?

O estadiamento, o tamanho e a localização dos nódulos vão determinar o tratamento mais adequado para o câncer de pâncreas. Cirurgia, ciclos de quimioterapia e radioterapia são as terapias mais recomendadas, mas dependem, principalmente, se o tumor pode ser removido ou não.

A cirurgia é indicada para os nódulos localizados e, muitas vezes, retira-se parte do pâncreas, do duodeno e da vesícula biliar. Quando o câncer surge na cabeça do pâncreas, pode provocar a obstrução do ducto biliar, caso em que a colocação de próteses pancreáticas, por via endoscópica, é indicado, para drenar a bile.8

A quimioterapia e a radioterapia também são indicadas no pós-operatório, para destruir eventuais células cancerígenas remanescentes na região.

Quanto mais os pesquisadores aprendem sobre as mutações genéticas das células cancerígenas do pâncreas, mais conseguem desenvolver medicamentos para combatê-las. Além da radioterapia e da quimioterapia, ainda é possível cuidar dessa doença com imunoterapia e terapia dirigida (muitas vezes, usadas em conjunto com as primeiras), mas essas últimas são recomendadas apenas para tipos específicos de mudanças genéticas.

Recursos
Consulte nossas referências para saber mais sobre câncer de pâncreas.

American Cancer Society
https://www.cancer.org/cancer/pancreatic-cancer/about/what-is-pancreatic-cancer.html

Instituto Nacional de Câncer (INCA)
https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pancreas
https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa
A.C. Camargo Cancer Center
https://accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/pancreas
Manual MSD – Versão saúde para a família
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/tumores-do-trato-gastrintestinal/c%C3%A2ncer-de-p%C3%A2ncreas#v29280223_pt
Manual MSD – Versão para profissionais de saúde
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/tumores-do-sistema-digestivo/c%C3%A2ncer-de-p%C3%A2ncreas

Oncoguia
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/deteccao-precoce-do-cancer-de-pancreas/8242/218/

1 INSTITUTO Nacional do Câncer (Inca). Introdução. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pancreas/introducao. Acesso em: 8 mar. 2023.
2 INSTITUTO Nacional do Câncer (Inca). Estimativa. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa. Acesso em: 1 mar. 2023.
3 Hu JX, Zhao CF, Chen WB, Liu QC, Li QW, Lin YY, Gao F. Pancreatic cancer: A review of epidemiology, trend, and risk factors. World J Gastroenterol. 2021 Jul 21;27(27):4298-4321. doi: 10.3748/wjg.v27.i27.4298. PMID: 34366606; PMCID: PMC8316912.
4 PÂNCREAS. A. C. Camargo Câncer Center. Disponível em: https://accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/pancreas. Acesso em: 8 mar. 2023.
5 Agência Brasil: https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2017-05/sucesso-do-tratamento-de-cancer-de-pancreas-esta-ligado#:~:text=Para%20chegar%20ao%20diagn%C3%B3stico%20de,a%20tomografia%20computadorizada%20de%20abd%C3%B4men
6 Oncoguia - Exames de Imagem para Câncer de Pâncreas: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/exames-de-imagem-para-cancer-de-pancreas/2046/218/#:~:text=A%20ultrassonografia%20endosc%C3%B3pica%20%C3%A9%20mais,de%20bi%C3%B3psia%20de%20um%20tumor
7 American Cancer Society: https://www.cancer.org/cancer/types/pancreatic-cancer/detection-diagnosis-staging/staging.html
8 Jornal da USP - Técnica inovadora reativa a circulação da bile e melhora a qualidade de vida no câncer: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/tecnica-inovadora-reativa-circulacao-da-bile-e-melhora-qualidade-de-vida-no-cancer/

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