Pé Diabético

Pé diabético, as úlceras que comprometem o bem-estar e a qualidade de vida

Um dos problemas mais comuns de quem tem diabetes, essas alterações precisam ser cuidadas antes que se tornem uma complicação séria nos membros inferiores

Apesar de o diabetes ser uma doença bastante conhecida1 – você deve ter um amigo ou um familiar que convive com essa condição clínica –, não é todo mundo que sabe que, se não cuidada, ela tem consequências graves.

O pé diabético é uma delas e é caracterizado por uma série de alterações que acometem a saúde do membro, como o comprometimento do formato, da circulação sanguínea, da sensibilidade e da motricidade.

Quais são os fatores de risco para o pé diabético?

As altas taxas de glicemia no sangue são as vilãs do diabetes e podem provocar neuropatia, ou seja, danos nos nervos motores e sensitivos e no sistema nervoso autônomo. Quando isso acontece, há falta de sensibilidade para dor ou qualquer incômodo no pé (por exemplo, um machucado ou um sapato desconfortável), perda de massa muscular e surgimento de fraqueza, fatores que acarretam a deformação dos dedos. Além disso, por causa da diminuição da secreção de suor, a pele fica ressecada e vulnerável ao surgimento de rachaduras.

Com esse quadro instalado, a cicatrização de feridas torna-se mais difícil, provocando úlceras e infecções que, se não tratadas, levam à amputação do pé. Os números indicam que o pé diabético exige atenção máxima: 11,4% dos diabéticos têm neuropatia e são realizadas, em média, 46 amputações por dia decorrentes da doença2.

Quais são os sintomas do pé diabético?

Os diabéticos devem ficar atentos aos sinais3e4 e que os membros inferiores dão quando algo não vai bem:

  • Sensação de formigamento e dormência.
  • Surgimento de deformidades nas unhas, feridas ou calos.
  • Mudança no formato dos dedos, que passam a ficar em garras.
  • Perda de mobilidade dos pés e tornozelos.
  • Perda de força muscular.
  • Perda da sensibilidade.
  • Sensação de agulhadas nos pés e nas pernas.
  • Dor que aparece de repente.
  • Perda da hidratação da pele, que fica ressecada e com rachaduras.

Quando esses sintomas não são observados a tempo, é comum surgirem as úlceras: feridas extensas muitas vezes difíceis de cicatrizar (algumas não são curadas) e que provocam a morte do tecido na região.

Como é feito o diagnóstico do pé diabético?

Todas as pessoas com diabetes devem sempre prestar atenção na saúde de seus pés. Parece um cuidado corriqueiro, mas, para quem convive com a doença, ele é obrigatório e garantia de que nenhuma complicação surgirá. Se notar qualquer alteração, como falta de sensibilidade ou a pele com uma coloração diferente da normal, é preciso procurar um especialista com urgência.

Mesmo quem não apresenta sintomas evidentes de pé diabético deve ser avaliado anualmente pelo médico para checar se a condição não está se instalando nos membros inferiores, já que as alterações podem ser silenciosas.

Além do exame físico, durante o qual o médico confere a cor, temperatura e hidratação da pele, se há alguma dor ou desconforto ou ferida, a sensibilidade é também monitorada.

Os testes Semmes-Weinstein com monofilamento de 10 g, de diapasão de 128 Hz, reflexo de Aquileu e percepção de picadas5 vão indicar se a sensibilidade na região está ou não comprometida. Quando eles não estão disponíveis, é possível realizar o Ipswich Touch Test6. Nesse exame, o especialista toca suavemente o hálux (dedão), o terceiro e o quinto dedo de cada pé: se o paciente não sentir dois ou mais toques, provavelmente sua sensibilidade está alterada e o risco de surgirem ulcerações é maior.

Quais são os tratamentos para o pé diabético?

A gravidade da ferida dita o tipo de tratamento a ser realizado. Quando a lesão não está infeccionada, os cuidados são mais simples, como higiene e uso de curativos. Se há infecção, é necessário tomar antibióticos e, em alguns casos, são indicados medicamentos que ativem a circulação sanguínea nos membros inferiores7. A cirurgia é recomendada quando é preciso remover a pele machucada e estimular a cicatrização. Por fim, nas situações mais graves, é preciso amputar o pé ou parte dele.

Como prevenir o pé diabético?

Quando se fala em pé diabético, vale a máxima popular “prevenir é o melhor remédio”. Entre as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes8, a prevenção é valorizada e o autocuidado figura como uma das principais recomendações para se evitar a complicação.

A primeira atenção é com a higiene da região: ela deve ser lavada e seca (principalmente os vãos entre os dedos) todos os dias a fim de se evitar micoses e infecções. A hidratação também é importante, bem como cortar as unhas de forma reta e fazer uma inspeção (de cinco a sete dias por semana) para conferir se não há sinais de feridas, calosidades ou qualquer fissura.

Os especialistas ainda recomendam o uso de sapatos confortáveis e adequados. Chinelos e calçados abertos devem ser evitados (já que os pés ficam expostos e mais propensos a lesões e machucados) e, dependendo do caso, o uso de palmilhas é indicado para melhorar e uniformizar a pressão plantar (na sola do pé). Atividades físicas também não ficam de fora: alongamentos e movimentos que estimulam a circulação sanguínea devem ser praticados. Aliás, são tão essenciais para quem tem pé diabético que uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) criou o SoPeD, o Sistema de Orientação ao Pé Diabético (SoPeD) com o objetivo de personalizar um programa de exercícios para os pés e tornozelos de pessoas com Diabetes Mellitus, considerando as condições de cada indivíduo9. Mais informações sobre este programa estão disponíveis em: https://soped.com.br/

Recursos

Diversas organizações no Brasil podem ajudar você, seu familiar ou seu cuidador a entender e controlar o diabetes e evitar as complicações do pé diabético. Conte com elas para saber mais, trocar experiências e obter suporte, seja para o paciente ou para a família.

Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes – Edição 2023
https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-e-prevencao-de-ulceras-no-pe-diabetico/

Manual de cuidados com os pés para pessoas com diabetes (Sociedade Brasileira de Diabetes)
https://materiais.diabetes.org.br/e-book-cuidado-com-os-pes

Manual do pé diabético – Ministério da Saúde
https://www.as.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/manual_do_pe_diabetico.pdf

Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) – Pé diabético
https://sbacvsp.com.br/pe-diabetico/

Sociedade Brasileira de Diabetes
diabetes.org.br

Sistema de Orientação ao Pé Diabético (SoPeD)
https://soped.com.br/

1 Segundo a última edição do IDF Diabetes Atlas 2021, um em cada 10 adultos tem diabetes e, até 2045, serão 783 milhões de pessoas com a doença. IDF Diabetes Atlas. Disponível em: https://diabetesatlas.org/atlas/tenth-edition/ Acesso em: 6 dez. 2023.

2 IDF Diabetes Atlas 2021. Disponível em: Brazil diabetes report 2000 — 2045 (diabetesatlas.org). Acesso em: 6 dez. 2023.

3 Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Pé diabético. Disponível em: https://sbacvsp.com.br/pe-diabetico/. Acesso em: 6 dez. 2023.

4 Diabetes Play. Tecnologias de saúde no cuidado da pessoa com pé diabético: SISPED e SOPeD. Disponível em: https://diabetesplay.com.br/?s=p%C3%A9+diab%C3%A9tico Acesso em: 6 dez. 2023.

5 Brito JFP, Bezerra SMG, Oliveira AC, Sousa LS, Silva EB, Rocha ESB. Alterações sensório-motoras e fatores associados em pacientes com diabetes mellitus. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0508 Acesso em: 6 dez. 2023.

6 Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Como avaliar os pés dos pacientes diabéticos? É indispensável usar monofilamento para testar sensibilidade? Disponível em: https://aps-repo.bvs.br/aps/como-avaliar-os-pes-dos-pacientes-diabeticos-e-indispensavel-usar-monofilamento-para-testar-sensibilidade/. Acesso em: 6 dez. 2023.

7 Escola Paulista de Medicina. Pé diabético: a simples ferida que pode virar um problema sério. Disponível em: Pé diabético: a simples ferida que pode virar um problema sério - Escola Paulista de Medicina - EPM (unifesp.br). Acesso em: 6 dez. 2023.

8 Sociedade Brasileira de Diabetes. Diagnóstico e prevenção de úlceras no pé diabético. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-e-prevencao-de-ulceras-no-pe-diabetico/ Acesso em: 7 dez. 2023.

9 SoPeD. Sistema de Orientação ao Pé Diabético. Disponível em: https://soped.com.br/ Acesso em: 7 dez. 2023.

ATENÇÃO II: Este material é apenas para fins informativos e não para diagnóstico médico. Esta informação não constitui aconselhamento médico ou jurídico, e a Boston Scientific não faz nenhuma representação em relação aos benefícios médicos incluídos nesta informação. A Boston Scientific recomenda fortemente que você consulte seu médico em todos os assuntos relativos à sua saúde.

ATENÇÃO III: Os resultados de estudos de caso não são necessariamente preditivos dos resultados em outros casos. Os resultados em outros casos podem variar.

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