Por que o herpes zóster causa dor?

Sistema Nervoso

As feridas costumam atingir regiões próximas aos nervos, causando uma dor intensa e que não para. O tratamento adequado pode trazer alívio

Quem tem mais de 30 anos de idade deve se lembrar da época em que ‘pegou’ catapora na infância. Ter a doença era algo tão comum antes de a vacina da varicela fazer parte do Programa Nacional de Imunizações que, estima-se, 90% da população brasileira acima dos 40 anos teve contato direto com o vírus Varicela- Zoster (VVZ), segundo conta Pedro Henrique Cunha, neurocirurgião funcional e médico da dor formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

E trata-se de uma estimativa porque ainda não há dados consistentes sobre a varicela no Brasil, já que apenas os casos mais graves, com óbitos, são notificados de forma compulsória, conforme informa o Ministério da Saúde1 ao projetar cerca de 3 milhões de novos casos ao ano.

No entanto, passada a infecção aguda por catapora, o vírus VVZ permanece no organismo e pode ser reativado a qualquer momento, geralmente, quando há uma alteração na imunidade da pessoa ou ela vivencia um estresse intenso. “Nesses casos, ele se aloja em um nervo, e vai seguir em um dermátomo (área da pele em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa) que pode ser dorsal ou abdominal, por exemplo, causando uma nova doença: a herpes zóster”, resume Cunha.

Herpes zóster é diferente de herpes simplex

Não confunda: herpes simplex e herpes zóster são doenças diferentes provocadas por vírus diferentes. A primeira é causada pelo Herpes simplex vírus (HSV) e atinge a boca ou genital. “Já a herpes zóster é resultado da reativação do vírus Varicela- Zoster (VVZ) e, na sua fase aguda, causa feridas na pele, como pequenas vesículas e crostas, que provocam uma dor intensa que só melhora quando ocorre a cicatrização”, descreve o médico da dor.

No entanto, uma parcela desses pacientes terá uma piora no quadro e voltará a sentir a mesma dor local cerca de três meses após a resolução das feridas da herpes zóster, em uma condição chamada neuralgia pós-herpética. Conheça os principais sintomas2 :

- Dores no nervo que duram um ano ou mais

- Sensação de pontadas ou agulhadas na pele

- Sensação de choque ou queimação no local onde antes estavam as feridas

“A neuralgia pós-herpética costuma ser de difícil diagnóstico, porque nem o paciente nem os primeiros especialistas a serem consultados associam as dores ao quadro de herpes zóster que tinha sido curado. O médico especialista em dor é quem costuma realizar o diagnóstico e sugerir o tratamento adequado, que visa trazer alívio para as dores e pode ser prolongado”, relata Cunha.

Fatores de risco para a neuralgia pós-herpética:

- Ter mais de 65 anos

- Ter sentido uma dor intensa na fase aguda do herpes zóster

- Ter tido herpes zóster no rosto

Linhas de tratamento

  1. Medicamentos para dor neuropática: Remédios orais como amitriptilina e gabapentina costumam ser usados, ainda que faltem evidências científicas mais robustas de seus efeitos benéficos para a herpes zóster. “Já medicamentos de uso tópico, como Toperma® (lidocaina 5%), são mais eficazes no combate à dor, sendo usados na forma de emplastros e trocados diariamente - o paciente fica 12 horas com o adesivo e 12 horas sem”, conta Cunha.
  2. Bloqueio da dor: Pode ser feito em diversas regiões: intercostal, simpático ou no nervo periférico e vai depender da localização exata da dor de cada paciente. “O problema dessa técnica é que a dor costuma voltar depois de um tempo”, diz o médico especialista.
  3. Injeções de toxina botulínica: A aplicação de Botox por toda a região dolorosa tem efeito analgésico e de relaxamento muscular. A dor diminui cerca de sete dias após a aplicação e o efeito dura de três a seis meses3.
  4. Neuromodulação: “Esta talvez seja a melhor opção aos pacientes para trazer alívio definitivo”, comenta Cunha. O desafio, no entanto, está no custo do tratamento, como explica o especialista. “Muitos se beneficiariam dele, mas poucos conseguem fazê-lo”, resume. Nele, estímulos eletromagnéticos atuam em alvos específicos dos nervos para impedir a comunicação “cérebro-nervo” e acabar com a sensação da dor.

1 Situação Epidemiológica - Varicela. Portal Gov.br. Acesso em junho de 2023.

2 Herpes zóster. Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. Acesso em junho 2023.

3 Revisão do tratamento da neuralgia pós-herpética: o espaço da toxina botulínica A e de métodos intervencionistas: http://www.centropaulistadedor.com.br/artigos/1032-1123-revisao-do-tratamento- da-neuralgia-pos-herpetica-o-espaco-da-toxina-botulinica-a-e-de-metodos-intervencionistas/

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